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I Colóquio Internacional “Manuais escolares: perspetivas históricas nacionais e globais” - Parte III turma ACD26-23/24

Apresentação

Suporte de um conjunto de saberes considerado de necessária apreensão pelos mais jovens, por parte do poder político e da sociedade civil, os manuais escolares são um dos objetos mais identificáveis e definidores do processo de ensino-aprendizagem (Sherman et al., 2016; Hadar, 2017). Veja-se que, mesmo perante as mutações tecnológicas que constituem as primícias do nosso tempo, e até durante os momentos mais pedagogicamente complexos da pandemia, este meio se manteve como referência do ensino. Com efeito, acompanhando o curso histórico dos regimes políticos, as suas transformações económicas e sociais, assim como as visões culturais e mentais, sob um pano de fundo quase sempre marcado pelas ideologias dominantes, os manuais têm formado e procurado reform(ul)ar. Importa, pois, ter presente que, desde há muito, que o manual se constituiu como objeto de estudo. Nos últimos anos verificou-se mesmo uma multiplicação das análises levadas a cabo, tendo-se assistido a uma proliferação de estudos que põem a tónica em abordagens comparativas nacionais e transnacionais, que observam as representações sociais (mulher, homem, criança, sociedade, o Outro, etc.) e a construção de identidades múltiplas (sociais, políticas, culturais). Os manuais, nomeadamente os das disciplinas de História e Geografia, são um meio de divulgação em série dos “discursos” e das “imagens” oficialmente aprovadas e, ao mesmo tempo, espelhos das controvérsias societais em torno de questões sensíveis (Klerides 2010; Macgilchrist 2015). Misturam e combinam miríades de fios discursivos, que os ligam a um ambiente social mais vasto (Binnenkade, 2015). Situados na fronteira entre política, história, pedagogia e didática, refletem exigências curriculares, assim como padrões científicos e pedagógicos. Respondem às exigências da sociedade e dos debates políticos (Christophe, 2019). Atualmente, organismos governamentais nacionais e internacionais, ONGs, e instituições académicas e pedagógicas, estão envolvidos em projetos que observam práticas de inculcação e de perpetuação da memória através destas lentes analíticas, não deixando de ter presente a questão do eurocentrismo e da necessária descolonização de alguns pontos de vista. Neste sentido, esta conferência pretende revisitar o tema dos manuais escolares, em estreita ligação com as suas visões do mundo, os seus autores e, evidentemente, os destinatários.

Destinatários

Educadores de Infância, Professores do Ensino Básico, Secundário e Educação Especial

Releva

Despacho n.º 5741/2015 - Enquadra-se na possibilidade de ser reconhecida e certificada como ação de formação de curta duração a que se refere a alínea d) do n.º 1 do artigo 6.º do Decreto-Lei n.º 22/2014. 

Objetivos

São objetivos deste colóquio analisar e discutir: ▪ Manuais escolares – discurso, poder e produção; ▪ A publicação de manuais – desafios, regulação e mercado; ▪ Os manuais escolares – práticas inovadoras e literacia digital; ▪ Os manuais escolares e a(s) problemática(s) da(s) identidade(s) e da Alteridade(s); ▪ Os manuais escolares – eurocentrismo, nacionalismo e racismo; ▪ Os manuais escolares perante e sob as ditaduras; ▪ Os manuais escolares em democracia e a análise da democracia nos manuais escolares; ▪ Os manuais escolares e o património local; ▪ Os manuais escolares – guerra, violência e educação para a paz; ▪ Os manuais escolares e os lugares de (des)memória; ▪ Os manuais escolares – questão e temas religiosos.

Conteúdos

FEUC, Auditório 09h30: Painel G.1: OS MANUAIS ESCOLARES E AS QUESTÕES CULTURAIS E DE GÉNERO ▪ O feminino na História da Cultura e das Artes: a representação nos manuais dos 10.° e 11.° anos, por Pâmela Peres Cabreira ▪ Representatividade de género e variedade cultural em manuais escolares da disciplina de Português – um estudo, por Ricardo Cruz ▪ Cartilhas de bons hábitos: notas sobre os gêneros textuais dos manuais escolares, por Heloísa Rocha ▪ Representações imagéticas de género nos manuais portugueses do 1.º ano de Estudo do Meio, por José Carlos de Paiva e Margarida Dias Debate FEUC, Sala Keynes 09h30: Painel G.2: OS MANUAIS ESCOLARES: AMBIENTE E GEOGRAFIA ▪ O Manual Escolar e a Educação Ambiental, por A. Lopes e Rosa Branca Tracana Pereira ▪ Natureza e Sociedade nos Manuais Escolares de Geografia, por Joaquim Pintassilgo ▪ Da História e Geografia aos Estudos Sociais: um estudo de livros didáticos brasileiros, por Wagner Scopel Falcão e Vivian Batista da Silva Debate FEUC, Auditório 11h30: Painel H.1: DESENHO, ILUSTRAÇÃO E BRICOLAGE ▪ [In]visibilidades do discurso. O manual escolar como catalisador na prática do Desenho, por Catarina Casais ▪ Discursos de poder nas ilustrações dos manuais de estudo do meio do 1.° ano do ensino básico, por Cristina Ferreira ▪ Pedagogia, sebentas e bricolage: os materiais de estudo utilizados no Ensino da História da Música (1835- 2013), por João Silva e Rosa Paula Rocha Pinto Debate FEUC, Sala Keynes 11h30: Painel H.2: OS MANUAIS PERSPETIVANDO AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS ▪ Perspetiva internacional sobre os manuais escolares na década de 1930, por Luís Grosso Correia ▪ Livros Escolares para a Escola Elementar Italiana dos dois lados do Atlântico: um estudo de Piccolo Mondo de Fanny Romagnoli e Silvia Albertoni (início do século XX), por Claudia Panizzolo e Terciane Ângela Luchese ▪ Vestígios das relações transnacionais entre Brasil e Estados Unidos em Manuais de Corte e Costura (1940- 1960), por Daniele Torres Loureiro e Heloísa Helena Pimenta Rocha Debate FEUC, Auditório 14h30: Painel I.1: REPENSANDO O PAPEL DOS MANUAIS ESCOLARES ▪ Escolas Técnicas - Boletim de Pedagogia e Didáctica, por Francisco Perfeito Caetano ▪ Pensar e repensar o manual escolar: um estudo acerca das perceções e das utilizações dos manuais escolares no ensino e na aprendizagem de História, por Luiza Maniassi Ferreira ▪ A utilização dos manuais escolares no ensino e aprendizagem de História e Geografia de Portugal (2.º Ciclo do Ensino Básico). A perceção dos professores, por Luís Mota, António Gomes Ferreira e Carla Vilhena Debate FEUC, Sala Keynes 14h30: Painel I.2: METODOLOGIA E ENSINO ▪ La enseñanza del método objetivo. En los libros de texto de Lecciones de Cosas de Luis G. León: influencias extranjeras (1891-1920), por Rosalia Meníndez Martínez ▪ Las familias de sentimientos en la enseñanza de la historia: base para la indagación del papel jugado por los libros de texto, por Nicolás Martínez-Valcárcel, Martha Ortega-Roldán, Graciela María Carbone e Paulina Latapí-Escalante ▪ A história ensinada aos professores: os primórdios da educação no Brasil (1958) e a construção da identidade nacional, por Vivian Batista da Silva e Keila da Silva Ortiz Debate FEUC, Auditório 16h30: KEYNOTE SPEAKER Nurit Peled-Elhanan, The semiotics of othering in Israeli schoolbooks

Metodologias

Será utilizado o método expositivo, recorrendo às seguintes metodologias: dinâmica de grupo; debate; exposição oral; trabalho individual; reflexão e descoberta. Pretende-se criar um contexto de aprendizagem em que cada formanda/o seja convidada/o a analisar e refletir sobre a sua área científica, os manuais da sua disciplina e a prática com as suas turmas.

Avaliação

Frequência

Modelo

Inquérito de Satisfação de Avaliação da Ação

Bibliografia

- Cabecinhas, R. (2020). Luso(A)fonias. Memórias cruzadas sobre o colonialismo português. Estudos Ibero-Americanos, 45(2), 16-25. - Choppin, A. (1992). Les manuels scolaires: histoire et actualité. Hachette. - Choppin, A. (2008). Le manuel scolaire, une fausse évidence historique. Histoire de l’Education, 117, 7-56 [https://journals.openedition.org/histoire-education/565]. - Macedo, E. & Ferreira, P. D. (Coord.) (2014). Construindo pilares do projeto europeu com jovens nas escolas: Informação, reflexão e ação. Porto: Comissão Europeia & CIIE. - Morgan, K. E. & Henning, E. (2013). Designing a Tool for History Textbook Analysis. FQS Forum: Qualitative Social Research | Sozialforschung, 14(1) Doi: https://doi.org/10.17169/fqs-14.1.1807. - Nicholls, J. (Ed.) (2006). School History Textbooks Across Cultures: International Debates and Perspectives. Symposium Books. - Piedade, F, Ribeiro, N., Malafaia, C, Loff, M, Menezes, I & Neves, T. (2021). A cidadania europeia na escola: complementando o currículo | European citizenship in school: supplementing the curriculum. Educação e Pesquisa, 47, 1-20. Doi:10.1590/S1678-4634202147230371. - Ribeiro, N., Neves, T., & Menezes, I. (2017). An Organization of the Theoretical Perspectives in the Field of Civic and Political Participation: Contributions to Citizenship Education. Journal of Political Science Education, 13(4), 426-446. Doi:10.1080/15512169.2017.1354765. - Pingel, F. (2000). The European home: representations of 20th century Europe in history textbooks. Strasbourg: Council of Europe.. - Pingel, F. (2001). How to approach Europe? The European dimension in history textbooks. In Leeuw- Roord, J. (ed.), History for today and tomorrow. What does Europe mean for school history. (pp. 205-228).Hamburg, Körber Stiftung.

Anexo(s)

Programa Colóqui Completo

Observações

Critérios de Seleção: 1.º - Docentes de todos os grupos disciplinares das Escolas Associadas do CFAE Minerva, por ordem de inscrição; 2.º - Outros Docentes de todos os grupos disciplinares, por ordem de inscrição.

Formador

Clara Isabel Calheiros da Silva de Melo Serrano

Sérgio Gonçalo Duarte Neto

Cronograma

Sessão Data Horário Duração Tipo de sessão
1 10-11-2023 (Sexta-feira) 09:30 - 12:30 3:00 Presencial
2 10-11-2023 (Sexta-feira) 14:30 - 17:30 3:00 Presencial
Início: 10-11-2023
Fim: 10-11-2023
Acreditação: ACD26-2023/2024
Modalidade: ACD
Pessoal: Docente
Regime: Presencial
Duração: 6 h
Local: FEUC, Auditório | Faculty of Economics, Auditorium